quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Salmo 121


Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?
O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.
Ele não permitirá que você tropece; o seu protetor se manterá alerta,
sim, o protetor de Israel não dormirá, ele está sempre alerta!
O Senhor é o seu protetor; como sombra que o protege, ele está à sua direita.
De dia o sol não o ferirá, nem a lua, de noite.
O Senhor o protegerá de todo o mal, protegerá a sua vida.
O Senhor protegerá a sua saída e a sua chegada, desde agora e para sempre.
- Salmos 121:1-8

O salmo 121 é um dos salmo que fica no conjunto dos chamados Salmos de Romaria, que vai do salmo 120 ao 134. Os judeus cantavam estes salmos enquanto subiam “o monte” para as principais festas de Jerusalém, onde cantavam sua confiança no Senhor. Este Salmos também nos ensina algumas verdades sobre a nossa condição humana, sobre o nosso relacionamento com Deus. Sobre nossos conflitos e anseios. E sobre a segurança que vem do Senhor.

1 - Elevo meus olhos para o monte

O Ser humano é um ser ansioso. Está sempre olhando para lugares altos, elevando seus olhos, contemplando a existência e procurando algo maior do que a si mesmo. Há em nós uma certa inquietude constante que só é sanada pela confiança em Deus na volta de Cristo, e que um dia não teremos falta de mais nada. Mas nesta realidade muitas vezes percebemos esta falta. E, de tanto contemplar, surge em nosso coração a pergunta…

De onde virá o meu socorro?

Alguns filósofos dizem que existe um termo que diferencia o Homem dos animais: a angústia (definição simplória e incompleta, sabemos). E esta definição diz muito sobre esta pergunta. De onde virá o meu socorro?
Estamos sempre em busca de algo melhor. Deus colocou em nosso coração o sentimento de que falta algo porque Ele suprirá esta falta um dia. Este sentimento é na verdade um incentivo a buscá-lo cada vez mais. Mas as pessoas, perdidas. E nós, quando não estamos andando conforme a vontade de Deus, nos esquecemos disso. E passamos a buscar respostas para nossas angústias em coisas que não podem nos dar.
  1. Na religião: em nossos tempos há propostas de religião incontáveis.
  2. Ciência: muitos, mesmo se dizendo não religiosos, pensam que a ciência um dia trará a resposta final e definitiva para todas as coisas, e põe sua fé nela.
  3. Política: outros pensam que a solução para todas as mazelas do mundo é política. Um governante um dia acabará com todos os problemas que existem.

Além desta angústia que busca respostas externas no mundo, somos uma geração que tem um sem fim de problemas internos, pois não busca a resposta onde deveria. Essas crises são, por exemplo:
  1. Depressão: Não encontrando respostas, perde-se o ânimo e a esperança pela vida.
  2. Identidade: Não encontrando respostas, eu devo ser algo diferente.

Mas a verdadeira solução para a angústia humana, para a pergunta “de onde vem o meu socorro?” é apenas uma…

2. O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a Terra.

E para cada angústia de nossa vida, Deus pode ser nosso socorro.

De onde virá o meu socorro?
O meu socorro vem do Senhor
Religião
Deus quer relacionamento
Ciência
Deus é criador e mantenedor
Política
Deus governa tudo e todos
Depressão
Deus é a minha esperança
Identidade
Em Deus encontro a razão de eu existir

E Porquê podemos ter tão grande confiança no Senhor?

  • Vers. 3-4: Ele não dorme. Está a todo momento cuidando de nós.
  • Vers. 5-6: Ele está cuidando do nosso dia a dia. Está próximo.
  • Vers. 7: Ele nos livra do mal, e um dia de “todo” mal que existe.
  • Vers. 8: Ele nos guarda de agora até a eternidade. Para sempre.


Jesus nos inspira a entoar este salmo. Ele subia para as festas em Jerusalém quando menino (Lc 2.40-42) e muito provavelmente, sabendo de todo sofrimento que um dia passaria, cantava “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra.”
Um comentarista, sobre este salmo também disse algo muito belo.

“Convinha ao judeu peregrino a caminho de Jerusalém. Convém aos cristãos a caminho da Jerusalém Celeste”

Que nas angústias que tivermos nesta nossa caminhada, quando vier o sentimento de que falta algo possamos nos lembrar: O nosso socorro vem do Senhor.


E que quando virmos este mundo se perguntando angustiado: De onde virá o meu socorro? Possamos trazer esta mensagem de conforto e segurança eternos: O meu socorro vem do Senhor.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Nota: Ele cresça e eu diminua?

"Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou aquele que foi enviado adiante dele. (...) É necessário que ele cresça e que eu diminua."João 3:28-30

A afirmação contextualmente se refere a ministério profético. O de João Batista tinha que diminuir para que o de Cristo passasse a exercer o papel mais relevante como profeta do seu tempo. João falou isso e fez todo sentido para ele. "O grande profeta é ele, vocês tem que prestar atenção nele e não em mim, portanto meu ministério vai diminuir, galera"

A figura que relaciona os cristãos em modo geral no NT fala de algo muito maior. É pegar sua cruz. Nascer de novo. Ser comprado por inteiro. Não tem nada a ver com um "progresso" de Cristo crescendo em nós.

Claro, a analogia é válida, temos que abafar nossa natureza do velho homem para que o novo homem em Cristo tenha mais destaque através de nossa vida, mas isso nada tem a ver com a fala de João. Mas também não é nenhuma heresia, só penso que não caiba como aplicação a passagem.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A bem-aventurança dos justos - Salmo 1

"Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!" Salmos 1:1-3
O Salmo 1 é considerado o prefácio dos Salmos. Entende-se que este Salmo é um resumo de todo o livro do Salmo. Ele busca nos ensinar sobre as bem-aventuranças do justo em contraste ao destino dos injustos.

Versículo 1

Primeiro salmo do livro, o Salmo 1 é muito conhecido pelos cristãos por seu primeiro versículo, onde muitos bradam de forma muito piedosa o "Não vos assenteis na roda dos escarnecedores", tentando convencer as pessoas a se afastarem de más companhias. Esta afirmação é verdadeira quando a enxergamos pelo contexto hebraico, oriental, que entendia as afirmações de maneira muito prática. Portanto, 'não se assentar na roda dos escarnecedores' não se referia apenas ao simples ato de se sentar junto dos que praticavam estas obras, mas também de compactuar e ser um dos escarnecedores. Mas a passagem que me chama atenção neste Salmo, e que será tema base na noite de hoje é trazida nos versículos 2 e 3.

Versículo 2

O segundo verso do texto nos mostra, em oposição ao influenciável vacilante, é a postura de um justo diante da lei de Deus, ou da Palavra de Deus. Que não só a tem em muita consideração, mas como também tem nela sua fonte de prazer. O justo se "satisfaz" na Palavra. Este prazer se manifesta em uma vida devocional prazerosa, que o faz pensar nela em todo seu dia. Me lembro de logo quando me converti, quando eu devorava a Bíblia. Não entendia tudo o que lia, mas olhava para as Escrituras como quem olha para o céu estrelado a noite, contemplando admirado sua imensidão em sabedoria, mistério, conhecimento. Sabia que eu poderia compreender sim muito do que há lá, mas que uma vida toda não seria suficiente para esgotá-la. São lembranças doces de um apaixonado, eu sei. Hoje a caminhada já é mais equilibrada, com seus altos e baixos.

Mas a Palavra de Deus deve nos dar prazer, como dá ao salmista. Primeiro por sua origem: o próprio Deus se rebaixando à nossa limitada linguagem para se revelar a nós. E este rebaixamento, apesar de parecer um adjetivo pejorativo, não diminui quem se revelou, de modo que essa revelação é grandiosa ao ponto de sabermos que este Deus se permitiu, por amor, ser chamado Pai por nós. E com essa relação de Pai ele cuida, exorta, orienta, ensina.

Versículo 3


O verso 3 trás uma das mais lindas figuras do que é a nossa relação com Deus. A da árvore plantada junto às águas correntes. Nós somos esta árvore plantada que, como consequência desta alimentação constante, dá frutos no tempo certo e mantém seu vigor. E em tudo o que faz, como justo, prospera.

Este texto permite algumas inserções:


  • A necessidade de alimentação constante.
Precisamos nos alimentar constantemente de Deus, da lei de Deus, da Palavra de Deus, se quisermos dar frutos. E Jesus Cristo é nossa principal fonte.

"Disse-me ainda: "Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida." Apocalipse 21:6

  • Provamos de frutos que provém da sabedoria de Deus (no tempo certo).
  • Mantemos nossa vitalidade espiritual, sendo mais dificilmente abalados, mais confiantes e certos de que já temos a vitória final.

Conclusão

Com a vida ligada a Deus e à sabedoria Dele não somos influenciados pelos ímpios, que em nossos tempos são os pensamentos que não consideram Deus, cada vez mais crescente em nossa cultura narcisista e ateísta. Temos prazer na Verdade de Deus e em sua meditação.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Relacionamentos e o amor de Deus


Outro dia, estudando para as aulas sobre doutrinas, encontrei uma definição sobre Deus que me impactou e ainda ecoa em meus pensamentos: "'Deus é amor' é uma declaração trinitária", ou seja, de que Deus é três: Pai, Filho e Espírito Santo. Se Deus é eterno e é amor, então ele é eternamente amor. E amor pressupõe relacionamento, então Deus é relacionamento eterno. Amor eterno.

A Palavra nos revela mais deste Deus e de como seu amor foi sendo manifestado em relacionamento. Primeiro entre si na criação (Gn 1). Se encontrando todas as tardes com o Homem criado (Gn 3:8). Após a Queda, chamando um povo para si e para cuidar (Gn 7:1-9). E, como maior expressão deste amor para nos incluir de forma profunda neste relacionamento, entregou seu Filho para que nos tornássemos filhos em adoção (Jo 3:16) e pudéssemos o chamar de Pai (Mt 6:9).

Como expressão máxima do amor de Deus entre nós, Jesus nos ensinou como devemos tratar uns aos outros. Este ensino veio em forma de exemplo, e seu maior exemplo foi sua entrega aos relacionamentos que se manifestaram em chamar discípulos, exortar, compreender e perdoar. E quando Ele nos dá o mandamento de amar o próximo, Ele mesmo já deu exemplo deste amor, na história e entre nós.

Deus é amor, nós não somos. Nós manifestamos o amor que recebemos de Deus. O relacionamento em amor é o que Deus deseja de nós, para com Ele e para com o próximo. É nos relacionamentos que somos testemunhas, manifestamos e provamos do amor de Deus. No relacionamento com aquele que é amor produzimos frutos que alimentam nossa relação com o próximo, e assim o amor de Deus é conhecido através de nós.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Nota: Refutação à necessidade de reencarnação para nosso "progresso"


Resposta à afirmação que, entre outros pressupostos, a Bíblia suporta o conceito de reencarnação:

“No dia em que as religiões entenderem o princípio da reencarnação, que parte do princípio em que o progresso de sua vida está em suas mãos, acabariam os intermediários (como papa, padre, pastor) na relação entre o homem e Deus”

Se o progresso depende só de nós, não há necessidade de Deus. Se há progresso, ele só pode ser buscado com referência no que é verdadeiramente bom, virtuoso e perfeito, e, ainda que isso levasse algumas milhares de reencarnações, se alcançássemos isso por conta própria, seriamos como esta referência é: Deus. O que é impossível. Mas no sentido de aceitação, Deus propôs se fazer perfeição em nós, e para nosso progresso a própria referência agora habita em nós para auxiliar. Se é Deus quem "está na frente" deste processo e "uma vida" aqui não for suficiente para Ele, este é um deus fraco. Mas um Deus forte e todo-poderoso vê a perfeição e o "progresso" do seu Filho em nós de uma vez por todas.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Saudades de casa

Dois de abril do ano de dois mil e quinze, por volta da meia noite, acabo de terminar minha primeira leitura completa da Bíblia. Talvez não por descaso, comecei há cinco anos e não me considero um leitor displicente da Palavra. Foi no tempo que Deus permitiu. E foi – mais do que costuma ser – providencial. Como em todas as leituras das Escrituras que faço, pedi para que Deus me guiasse, que não fosse apenas uma leitura intelectual, mas alimento para minha alma. Mas nesta em especial, pedi para que Ele me mostrasse ao menos um relance do resplendor da glória de Cristo, sabendo que ao menos um lampejo de sua grandiosidade me seria alimento de e para a eternidade.

A pedido de minha esposa comecei a ler em voz alta – para que ela também ouvisse – a narração pelo capítulo 19, que começa com uma declaração da dignidade Cristo e continua com a queda da Babilônia.
"Depois disso ouvi no céu algo semelhante à voz de uma grande multidão, que exclamava: "Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus" Apocalipse 19:1
Por incapacidade e desconhecimento não ousei interpretar toda a narrativa, apenas fiquei apreciando a descrição da vitória soberana de Jesus Cristo sobre o mal e sobre o Diabo. Maravilhosa vitória do Cordeiro, que na imagem aparece com suas roupas manchadas de sangue. Me lembrei de Seu sangue puro, sangue valioso, sangue que tem poder para salvar.
"Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES." Apocalipse 19:16
Com uma sequência esplendorosa de declarações sobre a majestade e soberania do Cordeiro, até o lançamento do Diabo e da morte ao lago de fogo. Temível destino dos que não passarão para o melhor lugar onde qualquer homem pode querer estar um dia. Destino de todos os desobedientes. Destino de todos os que estão fadados a perecer em sua corrupção da alma.



No capítulo 21, minha esposa talvez já tivesse pego no sono, mas continuei a leitura em voz alta, em respeito e admiração pelo que estava desbravando, e foi quando meus olhos começaram a marejar. A descrição da Cidade Santa. A Nova Jerusalém, preparada por Deus para seus santos.

"Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou".Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas as coisas!". E acrescentou: "Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança". Disse-me ainda: "Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida.O vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho." – Apocalipse 21:3-7

A descrição da Cidade Santa continua, se figurativamente ou não eu não sei, de forma sublime, com uma beleza transbordante que foi levando minha imaginação a contemplar um cenário quase inconstrutível, com pedras preciosas, ouro, brilhos polidos e uma concepção cuja minha mente não pode digerir – e não pude deixar de imaginar o que pensava o apóstolo João contemplando toda aquela visão sem ter palavras suficientes e dignas para descrevê-la. 
"Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia." – Apocalipse 21:22-23
E então as lágrimas começaram a brotar. Não pude conter a emoção e a voz embargada ao ler o maravilhoso cenário da perspectiva de minha futura morada, onde não haverá mais Templo, não haverá mais necessidade de habitação celestial entre nós. Na minha futura casa, eu terei contato direto com meu Pai eterno e com seu Filho. Minha habitação será com Eles. E Eles serão, definitivamente, a sustentação de tudo. Não haverá mais necessidade de sol, noite, ou outros luminares ou instrumentos que também servem para nos ligar ao tempo. Será eternidade. Eternidade com nosso Deus.
"Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim." – Apocalipse 22:13
Esta declaração que se repete por várias vezes no livro de Apocalipse, como se para nos lembrar que estamos lendo sobre a vitória e volta de um ser completo, eterno, que é, e que dá, significado de, e a, todas as coisas, vem em forma poética trazendo as palavras do próprio Jesus Cristo, nos consolando e dizendo que vem em breve (ah, que pena quando perdemos esta perspectiva), e nos lembrando que aqui é breve e passageiro.

Só pude me unir às palavras do amado João.
Vem, Senhor Jesus! Vem!
Estou com saudades de casa, e ainda nem a conheço.

Em lágrimas.

sábado, 25 de outubro de 2014

Santos, por quê?


  • Porque Ele é santo 
"Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado.
Como filhos obedientes, não se deixem amoldar pelos maus desejos de outrora, quando viviam na ignorância.
Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: "Sejam santos, porque eu sou santo".
Uma vez que vocês chamam Pai aquele que julga imparcialmente as obras de cada um, portem-se com temor durante a jornada terrena de vocês."
1 Pedro 1:13-17

Santidade originalmente significa "separado". Este é um conceito relativamente fácil de se compreender quando falamos de Deus, pois diante de toda sua grandiosidade, glória e poder, percebemos que Ele deve ser, por definição, separado de Sua criação em suas características. 

Agora, a maior definição possível para a santidade de Deus é a de que Ele é totalmente separado do pecado. Como essencialmente Santo, ainda que Ele se relacione com sua criação revelando através dela sua glória e seus atributos (Rm 1:20), Ele odeia o pecado ao ponto de requerer uma separação total dele, e como justo Juiz, exigir seu pagamento (Rm 1:18).

Portanto, como filhos obedientes (14), não devemos viver como éramos quando não conheciamos o quanto o nosso pecado era odiado por este Ser glorioso e Santo, mas devemos viver uma vida com novos interesses e desejos, longe das paixões antigas e desejos egoístas. Longe de desejos que roubavam a glória de Deus. E o texto nos apresenta o termo "amoldar", que denota a conformação, o que é muito diferente de uma vida de luta contra nossos pecados.

Visto que a impecabilidade só virá no céu, devemos viver uma vida santa para a honra e glória de nosso Deus, pedindo mais de seu Espírito Santo (Lc 11:13) para combater e mortificar nossos pecados (Rm 8:3), sem nos amoldar ou conformar a eles. Se antes de conhecer a verdade de Deus éramos mentirosos, que não mintamos mais. Infelizmente vamos sim, em razão de nossa impecabilidade contar uma mentirinha ou outra, mas nunca mais devemos ser mentiroso, amoldados à mentira. Se tinhamos apego à cobiça, se não podíamos ver nossos amigos com terem coisas melhores que as nossas sem ardentemente desejar para nós, aprendemos com Deus a ser contentes com o que temos. Infelizmente, podemos invariavelmente, cobiçar algo em nossos corações. Mas nunca mais seremos amoldados à cobiça. Portanto a ordem é para que não nos amoldemos à desejos da época de nossa ignorância, de quando não conheciamos as santas verdades de Deus.

Pedro também nos instiga, de forma objetiva, a vivermos com temor (17) àquele a quem chamamos de Pai enquanto estamos nesta vida ou jornada terrena. Este temor não é uma atitude medrosa ou temerária por alguma punição. Deus é justo sim, e Ele punirá toda iniquidade (Jo 3:18). Mas aos crentes à quem Pedro dirigiu a carta e à nós, não caberá punição (Rm 8:1). Então porque viver em temor? Pela grandiosidade deste Pai. Pelo seu poder, amor, majestade, glória, força, imensidão, autoridade, infinitude, eternidade, justiça, entre tantos outros (Rm 11:33-36). Temos um relacionamento de filho com este ser Perfeito, e isto não deve nos levar a ter uma vida igual à de quem não é filho Dele nesta terra, nesta peregrinação. Levando uma vida de temor à Deus mostraremos automaticamente às outras pessoas suas características. Seremos reflexos e canais de seus, e unicamente seus, gloriosos atributos nesta terra (2 Co 3:3). Além disso, como peregrinos nesta terra, devemos viver como quem tem sua esperança na morada final. Sabendo que Jesus está agora nos preparando uma morada, nossos olhos nunca devem perdê-la de vista. E uma vida de santidade é o que se espera de alguém que está esperando para morar com Jesus Cristo.

  • Pelo preço

"Pois vocês sabem que não foi por meio de coisas perecíveis como prata ou ouro que vocês foram redimidos da sua maneira vazia de viver que lhes foi transmitida por seus antepassados, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito, conhecido antes da criação do mundo, revelado nestes últimos tempos em favor de vocês.
Por meio dele vocês crêem em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos e o glorificou, de modo que a fé e a esperança de vocês estão em Deus."
1 Pedro 1:18-21

Outro aspecto fundamental que deve nos levar a uma vida de santidade é o preço pelo qual fomos comprados. Quando fomos remidos e nossos pecados foram pagos naquela cruz. Mas eles não foram pagos com moeda ou ouro. Não foram pagos por nossas atitudes, por nossas boas ações, por nosso serviço pela igreja. Nossos pecados foram pagos pelo precioso sangue do cordeiro. O Filho de Deus foi feito oferta pelo pecado (Rm 8:3; 2 Co 5:21), pois somente um sacrifício perfeito poderia apascentar a ira de um Deus perfeito.



Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças, contudo nós o consideramos castigado por Deus, por ele atingido e afligido.Mas ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.Isaías 53:4-5
Jesus não desviou a Ira de Deus que estava sobre nós (justificados), Ele a absorveu!Josemar Bessa

"O sentido da cruz é horrivelmente distorcido, quando os profetas contemporâneos que pregam a auto estima dizem que a cruz é testemunha do meu valor infinito, já que Deus estava disposto a pagar um preço tão alto para me alcançar. A perspectiva bíblica é que a cruz é testemunha a favor da infinita dignidade da glória de Deus e contra a imensidão do pecado de meu orgulho. O que deveria chocar-nos é que temos trazido tanto desprezo sobre a dignidade de Deus que a morte de seu próprio Filho foi requerida para vindicar esta indignidade. A cruz se levanta como testemunho da infinita dignidade de Deus e o infinito ultraje do pecado." John Piper

Diante da perspectiva de qual a grandiosidade e glória deste que derramou seu sangue na cruz para pagar nossos pecados. O Verbo que se fez carne (Jo 1:1), aquele que é a imagem do Deus invisível, por meio de quem tudo foi feito, tudo existe e subsiste (Co 1:16-19), aquele que tem todas as coisas sob os pés (Ef 1:22), o Filho amado de quem o Pai se compraz (Mc 1:11), aquele que é um com o Pai (Jo 10:30). Este que, rejeitado, ouviu seu povo gritando "Mata-o, mata-o, crucifica-o" (Jo 19:15). Este que, pelo nosso pecado, foi cuspido, espancado, zombado (Mt 27:30-31), pregado numa cruz entre ladrões (Mt 27:38), nele foi colocada uma coroa de espinhos (Mc 15:17), no sofrimento da cruz disse "tenho sede" e lhe deram uma esponja embebida em vinagre para beber (Jo 19:29), este que expirou depois de tanto sofrimento dizendo "está consumado"(Jo 19:30).

Mas esta história não termina aí. Estava consumado, a ira do Santo Deus estava satisfeita. Mas este Jesus Cristo, o glorioso Deus Filho, foi ressuscitado. Vencendo a morte, pisando na cabeça da serpente (Gn 3:15). E este Jesus homem hoje está em posição de honra, à direita do Deus Pai (Lc 22:69). Nos preparando morada (Jo 14:23). E é olhando para esta morada que, vivendo de maneira digna dela e pelo que ela custou, devemos viver em santidade. E percebendo que este sacrifício foi a manifestação do amor de Deus (Jo 3:16), viveremos de maneira santa, não pela lei, por regras de homens, por condutas sociais, ou por aparência de religiosidade, mas por quê o amor de Cristo nos constrange (2 Co 5:14).
  • Conclusão
Seremos santos vivendo com a perspectiva do céu, na esperança da volta de Cristo. Devemos ser santos nesta jornada como Deus é Santo, para agrada-lo e glorificá-lo, e para que outros pessoas vejam a ação de Deus em nós e creiam Nele. Seremos Santos quando vivermos com a perspectiva do que custou nossa salvação, o Sangue de Cristo. E seremos Santos, quando vivermos contemplando a glória de Deus na ressureição de Cristo. Somos Santos porquê já temos a vitória eterna em Jesus. É quando entendemos que vivendo uma vida sob as perspectivas do temor e do amor de Deus, somos santos para a glória Dele.

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