quinta-feira, 2 de maio de 2013

Oração: Falando com o Pai ou com o Filho?

    Muitas vezes temos dúvidas sobre qual o papel de Cristo na oração. Nos pegamos orando “Senhor” e ficamos meio perdidos no meio da oração. “Peraí, eu estou falando com o Pai ou com o Filho? Estou falando com Senhor Deus ou com Senhor Jesus? Pra quem peço o que?”.

    Acredito que podemos encontrar esta resposta em alguns capítulos de Hebreus, onde é dito que Jesus é nosso sumo-sacerdote. Mas para entender isso e saber o que um sumo-sacerdote faz, temos que voltar um pouco a história do povo judeu, sob a luz de Cristo. 

    Quando o povo hebreu foi libertado por Deus do Egito, através de Moisés, no deserto Deus começou a preparar uma religação com Ele, uma mediação entre Ele e o povo. Nestas passagens é quando Deus entrega as tábuas da Lei, ordena à construção do tabernáculo, e Arão, irmão de Moisés, é constituído o primeiro sacerdote. O sumo-sacerdote tinha a missão justamente de trabalhar e cuidar das coisas do tabernáculo, cuidar das reuniões do povo e intermediar pelo povo. Sendo também o único que podia entrar no lugar que simbolizava a presença santa de Deus, o Santo dos Santos. 

    O sistema de intermediação funcionava da seguinte forma: Uma vez por ano, as pessoas levavam seus melhores cordeiros ao tabernáculo ou templo para serem sacrificados ao Senhor pelos seus pecados, quem fazia isso era o sumo-sacerdote. E este sumo-sacerdote deveria fazer um sacrifício pelos próprios pecados antes de poder entrar no Santo dos Santos. Ele levava o sangue dos animais sacrificados e aspergia sobre o propiciatório, que era a tampa da Arca da Aliança que continha as tábuas da Lei recebidas por Moisés no deserto. E neste momento ele intercedia pelo povo e por seus pecados. 

    Quando chamamos Jesus de sumo-sacerdote, estamos admitindo o cumprimento e a validade do antigo testamento. Pois temos em Cristo um sumo-sacerdote. Agora, ao invés de levar nossos melhores animais, que simbolizava o melhor que o povo tinha, levamos nossos corações a Cristo e diante de Deus. Nós também temos agora um homem que tem livre acesso a Deus, pois não tem pecado algum. Temos um sacrifício final e eficaz realizado por nós. Cristo, um cordeiro puro, sem manchas, foi sacrificado pelos nossos pecados, e seu sangue é derramado sobre a Lei, declarando seu cumprimento e a nova aliança, onde o sacrifício final já foi realizado. E temos à direita do Pai um sacerdote, que apresenta ao Pai seu próprio sacrifício por nós. Que intercede por nós, que nos compreende, pois foi carne e osso como nós e tentado em todas as coisas, sem pecado, sendo nosso único, definitivo e eterno intercessor diante de Deus. 

    Sendo assim, também temos como componente na oração o Espírito Santo. Que clama por nós com gemidos inexprimíveis, nos consola, orienta e guia. Toda oração deve ser direcionada ao Deus trino e podemos concluir dizendo que oramos para o Deus Pai, através do Filho, com o poder do Espírito Santo.