quinta-feira, 30 de julho de 2015

Nota: Ele cresça e eu diminua?

"Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu não sou o Cristo, mas sou aquele que foi enviado adiante dele. (...) É necessário que ele cresça e que eu diminua."João 3:28-30

A afirmação contextualmente se refere a ministério profético. O de João Batista tinha que diminuir para que o de Cristo passasse a exercer o papel mais relevante como profeta do seu tempo. João falou isso e fez todo sentido para ele. "O grande profeta é ele, vocês tem que prestar atenção nele e não em mim, portanto meu ministério vai diminuir, galera"

A figura que relaciona os cristãos em modo geral no NT fala de algo muito maior. É pegar sua cruz. Nascer de novo. Ser comprado por inteiro. Não tem nada a ver com um "progresso" de Cristo crescendo em nós.

Claro, a analogia é válida, temos que abafar nossa natureza do velho homem para que o novo homem em Cristo tenha mais destaque através de nossa vida, mas isso nada tem a ver com a fala de João. Mas também não é nenhuma heresia, só penso que não caiba como aplicação a passagem.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

A bem-aventurança dos justos - Salmo 1

"Como é feliz aquele que não segue o conselho dos ímpios, não imita a conduta dos pecadores, nem se assenta na roda dos zombadores!
Ao contrário, sua satisfação está na lei do Senhor, e nessa lei medita dia e noite.
É como árvore plantada à beira de águas correntes: Dá fruto no tempo certo e suas folhas não murcham. Tudo o que ele faz prospera!" Salmos 1:1-3
O Salmo 1 é considerado o prefácio dos Salmos. Entende-se que este Salmo é um resumo de todo o livro do Salmo. Ele busca nos ensinar sobre as bem-aventuranças do justo em contraste ao destino dos injustos.

Versículo 1

Primeiro salmo do livro, o Salmo 1 é muito conhecido pelos cristãos por seu primeiro versículo, onde muitos bradam de forma muito piedosa o "Não vos assenteis na roda dos escarnecedores", tentando convencer as pessoas a se afastarem de más companhias. Esta afirmação é verdadeira quando a enxergamos pelo contexto hebraico, oriental, que entendia as afirmações de maneira muito prática. Portanto, 'não se assentar na roda dos escarnecedores' não se referia apenas ao simples ato de se sentar junto dos que praticavam estas obras, mas também de compactuar e ser um dos escarnecedores. Mas a passagem que me chama atenção neste Salmo, e que será tema base na noite de hoje é trazida nos versículos 2 e 3.

Versículo 2

O segundo verso do texto nos mostra, em oposição ao influenciável vacilante, é a postura de um justo diante da lei de Deus, ou da Palavra de Deus. Que não só a tem em muita consideração, mas como também tem nela sua fonte de prazer. O justo se "satisfaz" na Palavra. Este prazer se manifesta em uma vida devocional prazerosa, que o faz pensar nela em todo seu dia. Me lembro de logo quando me converti, quando eu devorava a Bíblia. Não entendia tudo o que lia, mas olhava para as Escrituras como quem olha para o céu estrelado a noite, contemplando admirado sua imensidão em sabedoria, mistério, conhecimento. Sabia que eu poderia compreender sim muito do que há lá, mas que uma vida toda não seria suficiente para esgotá-la. São lembranças doces de um apaixonado, eu sei. Hoje a caminhada já é mais equilibrada, com seus altos e baixos.

Mas a Palavra de Deus deve nos dar prazer, como dá ao salmista. Primeiro por sua origem: o próprio Deus se rebaixando à nossa limitada linguagem para se revelar a nós. E este rebaixamento, apesar de parecer um adjetivo pejorativo, não diminui quem se revelou, de modo que essa revelação é grandiosa ao ponto de sabermos que este Deus se permitiu, por amor, ser chamado Pai por nós. E com essa relação de Pai ele cuida, exorta, orienta, ensina.

Versículo 3


O verso 3 trás uma das mais lindas figuras do que é a nossa relação com Deus. A da árvore plantada junto às águas correntes. Nós somos esta árvore plantada que, como consequência desta alimentação constante, dá frutos no tempo certo e mantém seu vigor. E em tudo o que faz, como justo, prospera.

Este texto permite algumas inserções:


  • A necessidade de alimentação constante.
Precisamos nos alimentar constantemente de Deus, da lei de Deus, da Palavra de Deus, se quisermos dar frutos. E Jesus Cristo é nossa principal fonte.

"Disse-me ainda: "Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida." Apocalipse 21:6

  • Provamos de frutos que provém da sabedoria de Deus (no tempo certo).
  • Mantemos nossa vitalidade espiritual, sendo mais dificilmente abalados, mais confiantes e certos de que já temos a vitória final.

Conclusão

Com a vida ligada a Deus e à sabedoria Dele não somos influenciados pelos ímpios, que em nossos tempos são os pensamentos que não consideram Deus, cada vez mais crescente em nossa cultura narcisista e ateísta. Temos prazer na Verdade de Deus e em sua meditação.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Relacionamentos e o amor de Deus


Outro dia, estudando para as aulas sobre doutrinas, encontrei uma definição sobre Deus que me impactou e ainda ecoa em meus pensamentos: "'Deus é amor' é uma declaração trinitária", ou seja, de que Deus é três: Pai, Filho e Espírito Santo. Se Deus é eterno e é amor, então ele é eternamente amor. E amor pressupõe relacionamento, então Deus é relacionamento eterno. Amor eterno.

A Palavra nos revela mais deste Deus e de como seu amor foi sendo manifestado em relacionamento. Primeiro entre si na criação (Gn 1). Se encontrando todas as tardes com o Homem criado (Gn 3:8). Após a Queda, chamando um povo para si e para cuidar (Gn 7:1-9). E, como maior expressão deste amor para nos incluir de forma profunda neste relacionamento, entregou seu Filho para que nos tornássemos filhos em adoção (Jo 3:16) e pudéssemos o chamar de Pai (Mt 6:9).

Como expressão máxima do amor de Deus entre nós, Jesus nos ensinou como devemos tratar uns aos outros. Este ensino veio em forma de exemplo, e seu maior exemplo foi sua entrega aos relacionamentos que se manifestaram em chamar discípulos, exortar, compreender e perdoar. E quando Ele nos dá o mandamento de amar o próximo, Ele mesmo já deu exemplo deste amor, na história e entre nós.

Deus é amor, nós não somos. Nós manifestamos o amor que recebemos de Deus. O relacionamento em amor é o que Deus deseja de nós, para com Ele e para com o próximo. É nos relacionamentos que somos testemunhas, manifestamos e provamos do amor de Deus. No relacionamento com aquele que é amor produzimos frutos que alimentam nossa relação com o próximo, e assim o amor de Deus é conhecido através de nós.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Nota: Refutação à necessidade de reencarnação para nosso "progresso"


Resposta à afirmação que, entre outros pressupostos, a Bíblia suporta o conceito de reencarnação:

“No dia em que as religiões entenderem o princípio da reencarnação, que parte do princípio em que o progresso de sua vida está em suas mãos, acabariam os intermediários (como papa, padre, pastor) na relação entre o homem e Deus”

Se o progresso depende só de nós, não há necessidade de Deus. Se há progresso, ele só pode ser buscado com referência no que é verdadeiramente bom, virtuoso e perfeito, e, ainda que isso levasse algumas milhares de reencarnações, se alcançássemos isso por conta própria, seriamos como esta referência é: Deus. O que é impossível. Mas no sentido de aceitação, Deus propôs se fazer perfeição em nós, e para nosso progresso a própria referência agora habita em nós para auxiliar. Se é Deus quem "está na frente" deste processo e "uma vida" aqui não for suficiente para Ele, este é um deus fraco. Mas um Deus forte e todo-poderoso vê a perfeição e o "progresso" do seu Filho em nós de uma vez por todas.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Saudades de casa

Dois de abril do ano de dois mil e quinze, por volta da meia noite, acabo de terminar minha primeira leitura completa da Bíblia. Talvez não por descaso, comecei há cinco anos e não me considero um leitor displicente da Palavra. Foi no tempo que Deus permitiu. E foi – mais do que costuma ser – providencial. Como em todas as leituras das Escrituras que faço, pedi para que Deus me guiasse, que não fosse apenas uma leitura intelectual, mas alimento para minha alma. Mas nesta em especial, pedi para que Ele me mostrasse ao menos um relance do resplendor da glória de Cristo, sabendo que ao menos um lampejo de sua grandiosidade me seria alimento de e para a eternidade.

A pedido de minha esposa comecei a ler em voz alta – para que ela também ouvisse – a narração pelo capítulo 19, que começa com uma declaração da dignidade Cristo e continua com a queda da Babilônia.
"Depois disso ouvi no céu algo semelhante à voz de uma grande multidão, que exclamava: "Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus" Apocalipse 19:1
Por incapacidade e desconhecimento não ousei interpretar toda a narrativa, apenas fiquei apreciando a descrição da vitória soberana de Jesus Cristo sobre o mal e sobre o Diabo. Maravilhosa vitória do Cordeiro, que na imagem aparece com suas roupas manchadas de sangue. Me lembrei de Seu sangue puro, sangue valioso, sangue que tem poder para salvar.
"Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES." Apocalipse 19:16
Com uma sequência esplendorosa de declarações sobre a majestade e soberania do Cordeiro, até o lançamento do Diabo e da morte ao lago de fogo. Temível destino dos que não passarão para o melhor lugar onde qualquer homem pode querer estar um dia. Destino de todos os desobedientes. Destino de todos os que estão fadados a perecer em sua corrupção da alma.



No capítulo 21, minha esposa talvez já tivesse pego no sono, mas continuei a leitura em voz alta, em respeito e admiração pelo que estava desbravando, e foi quando meus olhos começaram a marejar. A descrição da Cidade Santa. A Nova Jerusalém, preparada por Deus para seus santos.

"Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou".Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas as coisas!". E acrescentou: "Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança". Disse-me ainda: "Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida.O vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho." – Apocalipse 21:3-7

A descrição da Cidade Santa continua, se figurativamente ou não eu não sei, de forma sublime, com uma beleza transbordante que foi levando minha imaginação a contemplar um cenário quase inconstrutível, com pedras preciosas, ouro, brilhos polidos e uma concepção cuja minha mente não pode digerir – e não pude deixar de imaginar o que pensava o apóstolo João contemplando toda aquela visão sem ter palavras suficientes e dignas para descrevê-la. 
"Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia." – Apocalipse 21:22-23
E então as lágrimas começaram a brotar. Não pude conter a emoção e a voz embargada ao ler o maravilhoso cenário da perspectiva de minha futura morada, onde não haverá mais Templo, não haverá mais necessidade de habitação celestial entre nós. Na minha futura casa, eu terei contato direto com meu Pai eterno e com seu Filho. Minha habitação será com Eles. E Eles serão, definitivamente, a sustentação de tudo. Não haverá mais necessidade de sol, noite, ou outros luminares ou instrumentos que também servem para nos ligar ao tempo. Será eternidade. Eternidade com nosso Deus.
"Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim." – Apocalipse 22:13
Esta declaração que se repete por várias vezes no livro de Apocalipse, como se para nos lembrar que estamos lendo sobre a vitória e volta de um ser completo, eterno, que é, e que dá, significado de, e a, todas as coisas, vem em forma poética trazendo as palavras do próprio Jesus Cristo, nos consolando e dizendo que vem em breve (ah, que pena quando perdemos esta perspectiva), e nos lembrando que aqui é breve e passageiro.

Só pude me unir às palavras do amado João.
Vem, Senhor Jesus! Vem!
Estou com saudades de casa, e ainda nem a conheço.

Em lágrimas.