quinta-feira, 2 de abril de 2015

Saudades de casa

Dois de abril do ano de dois mil e quinze, por volta da meia noite, acabo de terminar minha primeira leitura completa da Bíblia. Talvez não por descaso, comecei há cinco anos e não me considero um leitor displicente da Palavra. Foi no tempo que Deus permitiu. E foi – mais do que costuma ser – providencial. Como em todas as leituras das Escrituras que faço, pedi para que Deus me guiasse, que não fosse apenas uma leitura intelectual, mas alimento para minha alma. Mas nesta em especial, pedi para que Ele me mostrasse ao menos um relance do resplendor da glória de Cristo, sabendo que ao menos um lampejo de sua grandiosidade me seria alimento de e para a eternidade.

A pedido de minha esposa comecei a ler em voz alta – para que ela também ouvisse – a narração pelo capítulo 19, que começa com uma declaração da dignidade Cristo e continua com a queda da Babilônia.
"Depois disso ouvi no céu algo semelhante à voz de uma grande multidão, que exclamava: "Aleluia! A salvação, a glória e o poder pertencem ao nosso Deus" Apocalipse 19:1
Por incapacidade e desconhecimento não ousei interpretar toda a narrativa, apenas fiquei apreciando a descrição da vitória soberana de Jesus Cristo sobre o mal e sobre o Diabo. Maravilhosa vitória do Cordeiro, que na imagem aparece com suas roupas manchadas de sangue. Me lembrei de Seu sangue puro, sangue valioso, sangue que tem poder para salvar.
"Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES." Apocalipse 19:16
Com uma sequência esplendorosa de declarações sobre a majestade e soberania do Cordeiro, até o lançamento do Diabo e da morte ao lago de fogo. Temível destino dos que não passarão para o melhor lugar onde qualquer homem pode querer estar um dia. Destino de todos os desobedientes. Destino de todos os que estão fadados a perecer em sua corrupção da alma.



No capítulo 21, minha esposa talvez já tivesse pego no sono, mas continuei a leitura em voz alta, em respeito e admiração pelo que estava desbravando, e foi quando meus olhos começaram a marejar. A descrição da Cidade Santa. A Nova Jerusalém, preparada por Deus para seus santos.

"Ouvi uma forte voz que vinha do trono e dizia: "Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos; o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus. Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor, pois a antiga ordem já passou".Aquele que estava assentado no trono disse: "Estou fazendo novas todas as coisas!". E acrescentou: "Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e dignas de confiança". Disse-me ainda: "Está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida.O vencedor herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho." – Apocalipse 21:3-7

A descrição da Cidade Santa continua, se figurativamente ou não eu não sei, de forma sublime, com uma beleza transbordante que foi levando minha imaginação a contemplar um cenário quase inconstrutível, com pedras preciosas, ouro, brilhos polidos e uma concepção cuja minha mente não pode digerir – e não pude deixar de imaginar o que pensava o apóstolo João contemplando toda aquela visão sem ter palavras suficientes e dignas para descrevê-la. 
"Não vi templo algum na cidade, pois o Senhor Deus todo-poderoso e o Cordeiro são o seu templo. A cidade não precisa de sol nem de lua para brilharem sobre ela, pois a glória de Deus a ilumina, e o Cordeiro é a sua candeia." – Apocalipse 21:22-23
E então as lágrimas começaram a brotar. Não pude conter a emoção e a voz embargada ao ler o maravilhoso cenário da perspectiva de minha futura morada, onde não haverá mais Templo, não haverá mais necessidade de habitação celestial entre nós. Na minha futura casa, eu terei contato direto com meu Pai eterno e com seu Filho. Minha habitação será com Eles. E Eles serão, definitivamente, a sustentação de tudo. Não haverá mais necessidade de sol, noite, ou outros luminares ou instrumentos que também servem para nos ligar ao tempo. Será eternidade. Eternidade com nosso Deus.
"Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim." – Apocalipse 22:13
Esta declaração que se repete por várias vezes no livro de Apocalipse, como se para nos lembrar que estamos lendo sobre a vitória e volta de um ser completo, eterno, que é, e que dá, significado de, e a, todas as coisas, vem em forma poética trazendo as palavras do próprio Jesus Cristo, nos consolando e dizendo que vem em breve (ah, que pena quando perdemos esta perspectiva), e nos lembrando que aqui é breve e passageiro.

Só pude me unir às palavras do amado João.
Vem, Senhor Jesus! Vem!
Estou com saudades de casa, e ainda nem a conheço.

Em lágrimas.

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